A garfa e a sofada
O Samuca está desaprendendo a falar. Até pouco tempo parece que ele
imitava tudo que a gente dizia. Ele não parou. Ainda imita bastante, mas
agora, além disso, tem tentado construir algumas palavras sozinho.
A faca, que ele começou a usar para colocar a comida no garfo, por
exemplo, ele lembra que é no feminino. Então, ele sempre pede “quero meu
garfo e minha garfa”. A almofada, que fica no sofá, virou “sofada”.
Achamos simples, divertido e autoexplicativo. Decidimos adotar a versão dele.
Kant dizia que para “ousar saber” é preciso coragem, mas também o uso
público da razão. É preciso diálogo para pensar de forma autônoma. Acho
lindo esse momento, quando aprendemos algo novo, que parece que
desaprendemos, porque arriscamos nossos próprios passos e criamos nossa
própria mistura a partir daquilo que já vimos, seja uma nova língua ou
os conceitos numa aula de filosofia.
Parece que precisamos “desaprender” um pouco para poder criar. Pena que a gente tenha tanto medo de errar. Lembro os versos do Paulo Leminski para a gente desencanar:
“nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez”
[Você tem uma história parecida? Que palavras os filhotes inventaram por aí? Compartilhe com a gente!]
Parece que precisamos “desaprender” um pouco para poder criar. Pena que a gente tenha tanto medo de errar. Lembro os versos do Paulo Leminski para a gente desencanar:
“nunca cometo o mesmo erro
duas vezes
já cometo duas três
quatro cinco seis
até esse erro aprender
que só o erro tem vez”
[Você tem uma história parecida? Que palavras os filhotes inventaram por aí? Compartilhe com a gente!]
Samuca e Bebel - um site sobre infância, paternidade e tudo que acontece nessa relação entre pais e filhos. Escrito por Caio Moretto Ribeiro.