Conversar com estranhos
Um senhor com roupas sujas se aproximou de mim e do Samuel. Achei que
ele iria pedir dinheiro. O Samuel deu bom dia. Trocaram amenidades e
sorrisos. Ele não pediu nada. Eu saí com meu preconceito no meio das
pernas e um sorriso no rosto. O Samuca me ensinou a falar com estranhos.
Sequestros acontecem, sim. É um fato lamentável, mas real. Porém,
acontecem com todo tipo de pessoas: jovens, velhos, mulheres, homens,
gente brava, gente calma, gente distraída e gente paranoica. Transferir
para a criança uma paranoia que transforma totalmente sua forma de se
relacionar com o mundo e em nada contribui para a solução do problema,
não me parece saudável.
Assim como não faz sentido dizer para uma mulher mudar o comportamento
público por medo de estupros que, via de regra, acontecem por pessoas
conhecidas em ambientes privados, não faz sentido, ao meu ver, ensinar a
criança a ter medo de gente, de conversar. Que coisa linda foi poder
ver que o Samuel não carrega os meus preconceitos e poder aprender com
ele a mudar meu comportamento.
Se queremos educar crianças para a autonomia emocional, para a vida em sociedade e, em alguns casos, para os valores cristãos, conversar com estranhos é essencial, não?
Se queremos educar crianças para a autonomia emocional, para a vida em sociedade e, em alguns casos, para os valores cristãos, conversar com estranhos é essencial, não?
Samuca e Bebel - um site sobre infância, paternidade e tudo que acontece nessa relação entre pais e filhos. Escrito por Caio Moretto Ribeiro.